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“Institucionalização de idosos: quando e como decidir”
Simara Rosa – Terapeuta Holística
8/31/20254 min read


Como e quando devemos institucionalizar um idoso: decisões difíceis, dados reais e cuidados necessários
Colocar um idoso em uma instituição de longa permanência (ILPI) é uma das decisões mais difíceis que uma família pode enfrentar. A culpa, o medo do abandono e os julgamentos sociais pesam no coração, mas, em muitos casos, a institucionalização não é uma escolha de descuido — e sim um ato de proteção, dignidade e cuidado.
O Brasil já conta com mais de 34 milhões de idosos, segundo o IBGE (2022), e esse número deve dobrar até 2050. Esse envelhecimento populacional traz consigo o desafio da dependência: estima-se que cerca de 30% dos brasileiros acima de 80 anos apresentam limitações significativas para atividades básicas, como alimentação, locomoção e higiene.
Diante desse cenário, muitas famílias se veem diante de uma pergunta dolorosa: quando o cuidado em casa já não é suficiente e a institucionalização se torna necessária?
Por que a saúde e o contexto social exigem essa decisão
Doenças crônicas e degenerativas
O aumento da expectativa de vida também elevou os casos de doenças crônicas, como Alzheimer, Parkinson, sequelas de AVC e doenças cardíacas. Idosos nessas condições podem necessitar de assistência 24 horas, algo inviável para muitas famílias sem estrutura ou conhecimento técnico.
Sobrecarga dos cuidadores
No Brasil, mais de 70% dos idosos dependem do cuidado de mulheres da família, geralmente filhas ou noras. Essa sobrecarga, associada ao trabalho e à vida pessoal, gera altos índices de ansiedade, depressão e síndrome de burnout em cuidadores, que muitas vezes adoecem junto com o idoso.
Riscos domésticos
O lar nem sempre é o lugar mais seguro. Muitos idosos sofrem quedas, esquecimentos perigosos (como deixar o fogão aceso) ou fazem uso incorreto de medicamentos. Esse risco constante pode ser minimizado em uma instituição com equipe capacitada.
Condições de moradia
Casas sem acessibilidade, escadas íngremes, banheiros sem barras de apoio e ambientes pouco adaptados aumentam os riscos de acidentes e limitam a independência do idoso.
Dados atuais sobre institucionalização no Brasil
O país possui mais de 7.000 instituições de longa permanência (ILPIs), sendo a maioria filantrópica.
Apenas 1,5% a 2% dos idosos brasileiros vivem em instituições, mas esse número cresce a cada ano.
Em países desenvolvidos, como EUA e Canadá, a média chega a 5% a 7% dos idosos em ILPIs, o que indica uma tendência de crescimento também por aqui.
A maior parte dos institucionalizados brasileiros tem acima de 75 anos, é portadora de doenças crônicas e apresenta algum grau de dependência funcional.
Projeções do Ministério da Saúde estimam que a demanda por ILPIs deve dobrar até 2040, acompanhando o envelhecimento acelerado da população.
Como saber quando é a hora certa
Reconhecer o momento certo exige sensibilidade e responsabilidade. Alguns sinais indicam que a institucionalização pode ser necessária:
O idoso não consegue mais realizar atividades básicas da vida diária sozinho.
Há quedas frequentes ou esquecimentos perigosos.
O uso de medicamentos é complexo e exige monitoramento constante.
A família, mesmo com amor, já não consegue manter o cuidado sem adoecer.
O idoso sofre de isolamento social, com solidão profunda e sem vínculos de convivência.
Como apoiar o idoso durante o processo
Comunicação e acolhimento
Sempre que possível, envolva o idoso na decisão. Explique os motivos, mostre que a mudança não é abandono, mas cuidado.
Escolha consciente da instituição
Visite o local, converse com a equipe, observe a higiene, os quartos, os ambientes de convivência e o plano de atividades. A confiança na instituição é essencial.
Presença da família
A institucionalização não encerra o vínculo familiar. Visitas regulares, ligações, participação em datas importantes e gestos de carinho mantêm a autoestima do idoso viva.
Apoio psicológico
O acompanhamento terapêutico ajuda tanto o idoso quanto os familiares a elaborarem sentimentos de perda, culpa e adaptação.
O papel das terapias holísticas no acolhimento
As terapias complementares podem melhorar muito a qualidade de vida de idosos institucionalizados:
Reiki: promove relaxamento e sensação de paz.
Aromaterapia: óleos como lavanda e camomila ajudam no sono, na memória e no humor.
Cromoterapia: cores equilibram emoções e favorecem serenidade.
Musicoterapia e arte-terapia: estimulam memórias afetivas, criatividade e cognição.
Meditação guiada: adaptada para idosos, auxilia no controle da ansiedade e do estresse.
Contato com a natureza: hortas, jardins e espaços abertos trazem vitalidade e reduzem a sensação de clausura.
Essas práticas não substituem a medicina, mas complementam o cuidado integral, unindo corpo, mente e alma.
Reflexão final
A institucionalização de um idoso não deve ser vista como abandono, mas como uma decisão de amor e responsabilidade quando os limites da família já foram alcançados. O que realmente define essa experiência é como a família se mantém presente, levando afeto, respeito e dignidade.
A terceira idade não precisa ser sinônimo de solidão. Quando existe cuidado médico, terapias de apoio e, principalmente, vínculo familiar, o idoso pode viver seus anos finais com conforto, propósito e paz.
“O corpo fala o que a alma cala. Quando a alma desperta, o corpo se liberta.”
Simara Rosa – Terapeuta Holística